2 — Ser ou não ser POP?
A retrospectiva do Spotify confirma que o AGRO é mesmo POP! Tudo o que rolou no WME + as fofocas que prometi na edição passada.
Nas últimas semanas, assim como nas anteriores, e como provavelmente será nas seguintes, as redes foram tomadas por algumas tendências que não passaram batido.
Aposto que você sentiu o gostinho da rejeição quando a Retrospectiva do Spotify saiu e seus amigos começaram a compartilhar, mas você se deu conta que ainda é usuário da Deezer. Não fique mal, as tendências sempre dão a impressão que todo mundo tem, menos você.
Por exemplo, no final de semana que passou, aquela corrente de assinalar os estados que você já conheceu no Brasil também me deixou meio pra baixo. O país é muito grande ou minha conta bancária ainda é muito pequena?
Acessos à parte, voltemos às tendências.
Na Magalzine ® de hoje vamos falar sobre:
Wrapped do Spotify: o AGRO é POP?
Tudo o que rolou no WME Awards - a plataforma de protagonismo feminino na indústria fonográfica brasileira;
Um medalhão da MPB no camarote do BBB 24?
MURAL DO POP #1: as fofocas que prometi na edição passada.
BRASIL DE BOTA
O que podemos aprender com o TOP 5 do Brasil no Spotify em 2023?
Seus dados são a grande estrela da estreia do Wrapped 2023 do Spotify. A big tech esbanjou-se de publicidades gratuitas, incentivando os usuários a trocarem as figurinhas do wrapped com seus seguidores. O The Guardian comentou a eficácia da campanha publicitária e o que há de assustador por trás do design arrojado, da mensagem especial do seu artista mais reproduzido e dos “arquétipos de personagens” baseados na maneira como você usa a plataforma.
No Brasil, os dados afirmam que o AGRO é POP - e temos nossa própria Taylor Swift!
Artista mais reproduzida no Brasil, Ana Castela explora dois dos gêneros mais populares no país: o sertanejo e o arrocha. Dos 5 artistas que ocupam o pódio brasileiro, apenas o MC Ryan SP (3º lugar) não explora o arquétipo “tira o chapéu e a bota e me bota gostosin”. Das 5 músicas mais reproduzidas, nenhuma foge do padrão. Dos 5 álbuns, apenas o rapper Veigh conseguiu ocupar, não só uma, mas duas (3º e 5º) cadeiras no topo.
Não é segredo que o brasileiro gosta muito de música sertaneja, mas até que ponto esses dados são orgânicos? Que o Spotify virou a mesa do jogo dominado pelas gravadoras nós sabemos, mas como a influência econômica dentro da indústria fonográfica e as cifras milionárias de mecenas do agronegócio refletem na plataforma? A Piauí fez análises completas sobre como o gênero nada em dinheiro público - e eu não estou falando de editais!
Do outro lado da balança, a pedra no sapato para a hegemonia sertaneja é o crescente domínio das culturas de rua na narrativa musical brasileira.
"Hoje, com o aumento populacional das cidades e a democratização do acesso ao digital, o discurso pertence às periferias. Seus likes e plays impactam a indústria cultural e fizeram do funk, do rap e agora o trap líderes de segmento, dividindo o protagonismo com o sertanejo. " comentou Caio Corsallete em "As periferias dominam as narrativas da música urbana" no Meio e Mensagem.
Num terreno capinado pelos pioneiros do samba, sedimentado pela primavera do rap com RZO, Racionais MC’s, Sabotage, Rappin' Hood, Xis, e atualmente, exportado por artistas como Ludmilla, Anitta e Kevin O Chris, as músicas das periferias simbolizam uma resistência diante do domínio popular do sertanejo. A presença de MC Ryan SP e Veigh nesse balaio de dados é um exemplo disso.
No entanto, a digitalização da indústria da música permitiu que a dinâmica predatória do mercado sertanejo - uma prática conhecida como “jabá” - se estendesse também às capas de playlists, às sugestões algorítmicas e - como sempre - aos espaços publicitários. A receita perfeita para a monocultura impressa no Wrapped do Spotify Brasil.
“O artista como ativo financeiro é produzido, e sua mercadoria-sonora vem acompanhada por um investidor. Os investimentos financeiros advêm geralmente de grupos empresariais da agropecuária que viram nesses investimentos grandes fontes de retorno.” escreveu Douglas Barros na Revista Rosa sobre a hegemonia do sertanejo na era da pós-música.
AUSÊNCIA CONFIRMADA
Iza, MC Carol, Marina Sena, Ludmilla e Anitta vencem o WME, mas não comparecem à premiação
O sétimo ano da parceria que reúne Claudia Aseff, Monique Dardene, Fátima Pissarra e Preta Gil na condução do Women’s Music Events Awards começou com Rita Lee sendo ecoada por Paula Lima, Júlia Mestre e Luisa Sonza. Os 84 anos de vida da Dona Onete também foram homenageados com uma performance ao lado de Aila e Daniela Mercury. Se no ano passado o destaque de patrocínio era da Mynd, em 2023 o WME é fortalecido pela recém-renascida Billboard Brasil, ambos negócios de Pissarra.
O evento foi apresentado por Preta e Larissa Luz, que soltaram o gogó e a improvisação diante dos inúmeros desafios técnicos que a transmissão enfrentou. Destaque também para as DJs do Brasil com uma homenagem realizada pela rainha do samples Fernanda Abreu ao lado da DJ Sophia em uma performance das faixas Baile da Pesada, Space Sound To Dance, A Noite e Kátia Flavia, A Godiva do Irajá. Luxo pesado! O palco construído no Teatro Sérgio Cardoso consagrou as seguintes vencedoras:
Revelação - UANA
Álbum - VÍCIO INERENTE (Marina Sena)
Profissional do Ano - BIA WOLF
Musical Alternativa - 99 PROBLEMAS (Duquesa, MC Luanna)
Música Mainstream - CHICO (Luisa Sonza)
Música Latina - FUNK RAVE (Anitta)
Radialista - SARAH MASCARENHAS
Instrumentista - KAROLZINHA SANFONEIRA
Videoclipe - FÉ NAS MALUCAS (Iza e MC Carol)
Profissional do Ano - BIA WOLF
Cantora - LINIKER
Show do Ano - NUMANICE #2 (Ludmilla)
Diretora de Videoclipe - AISHA MBIKILA
Compositora - LUEDJI LUNA
Produtora Musical - ANA FRANGO ELÉTRICO
DJ - AFROLAI
Empreendedora Musical - TANIA ARTUR
Jornalista Musical - KENYA SADE
Radialista - SARAH MASCARENHAS
CAETANO VELOSO ESTACIONA CARRO EM CURICICA
Até onde vai a sua fé? O que você faria? Pagaria pra ver?
Se pudesse escolher entre o bem e o mal - ser ou não ser?
A gente sabe que o ano acabou quando começa a tradicional especulação nervosa de quem serão os próximos integrantes do “camarote” do Big Brother Brasil. A história é sempre a mesma e os personagens bem previsíveis: uma atriz mirim que alcançou a maioridade, o cônjuge de alguém que é realmente famoso, uma blogueira que promove joguinhos de azar e alguns representantes da instituição Seios Fartos/Peituda Metida™
O que ninguém esperava é que provavelmente Caetano Veloso já está pré-confinado para disputador o prêmio da casa mais vigiada do país. Convenhamos que não tem nada mais tropicalista do que chegar aos 80 anos comendo rabada na xepa do Projac. A especulação começou depois que o baiano disse que entraria em férias radicais. Lamento, Caetano! A Manu Gavassi já usou essa estratégia antes!
“Chego à minha Bahia e logo faço série de três shows do Meu Coco na Concha. Tenho 81 anos e venho de uma série de atividades superpuxada. Peço aos meus amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos que considerem minha decisão de descansar o que me é necessário. Depois dos shows na Concha, entrarei em período de férias radicais”, disse ele tentando despistar o confinamento.
Ah, o bom humor que eu espero de você, pessoa que me lê! Maluquices à parte, a Magalzine de hoje fica por aqui. Antes de me despedir, apresento para vocês o MURAL DO POP®️, uma coluna que será recorrente e que tem como objetivo compartilhar notinhas, novidades e lançamentos que estão no radar. Beijos do Gal!
MURAL DO POP #1
Notinhas, novidades e lançamentos:
Ludmilla anuncia a turnê “Ludmilla In The House” para 2024;
Manu Gavassi está "Pronta pra desagradar” alguns jornalistas culturais. O videoclipe do novo lançamento conta com o teaser “Programa de Proteção à Carreira Artista”, uma esquete bem humorada criticando a indústria da música.
País em festa: Bala Desejo anuncia turnê de encerramento. Um excelente presente para o Amigo da Onça neste final de ano. Eu acampei pelos ingressos e estarei lá!
Pularam do barco: Empresário e Produtor Musical anunciam saída da equipe de Marina Sena. Quem comanda esse grande navio agora é Talita Moraes, empresária baiana com 10 anos de mercado.
Caetano no BBB: patrimônio imaterial brasileiro, o que pode nascer de forma espontânea, poder, ser, possibilidade, três vezes sim, SIM SIM SIM, um exercício à democracia!
Mds, ameii!! Já na torcida do Caetano no BBB. haha